Interrogações...
Confesso que fiquei na incerteza, mas não tenho qualquer dúvida de qual das duas opções me magoa mais...
" As palavras que sempre te direi" - Um ano...
”Isso vai lá com o tempo”.
“ Vão dizer-te que isso vai lá com o tempo. Vão dizer-te, muitas vezes, que isso vai lá com o tempo. Não vais acreditar em nenhuma delas. Vais encolher os ombros por dentro, com a certeza absoluta que ninguém te entende. Que ninguém consegue perceber em quantas tiras está o teu coração rasgado. Na tua cabeça, vais rever tudo. Todos os dias. O que disseste, o que calaste, o que devias ter dito, o que ainda esperas poder dizer, o que ainda esperas poder ouvir. Exactamente três segundos depois de pensares que foi melhor assim, que antes agora que mais tarde, vais sentir que não. Que mais valia mais tarde. Que podia ter sido diferente. Que mais vale a solidão a dois do que esta, que vives agora sozinha. E depois volta a estar tudo bem. E pensas que foi melhor assim. E três segundos, exactamente três segundos depois, voltarás a ser a pessoa do coração às tiras. A chuva não ajuda. E sei que te sentes como o tempo lá fora. Mesmo que fosse verão, o teu quarto pareceria sempre cinzento ao olhares para o que sobrou. Agora parece pouco, com o tempo verás que é muito mais do que isso. Não queria ser mais uma a usar a desculpa do tempo, mas não tenho outra. Aliás, têm-me faltado as palavras. Faltam-me sempre, nestas ocasiões. E é por isso que, quase sempre, fico calada. Porque já estive aí e sei que não há palavras milagrosas. Porque sei que cada vez que o telemóvel toca são segundos de esperança infundada. E, depois, desilusão. Por isso digo o menos possível, porque sei que não são as minhas palavras que queres ler. O pior de tudo é isso. A expectativa. Os dias a passar e não acontece nada. Porque é que não acontece nada? Como é que não acontece nada? As perguntas multiplicam-se e atropelam-se. Há sempre mais perguntas, só não há ninguém para lhes dar resposta. Sei que não te vai apetecer dizer nada. Como sei que te vai apetecer falar, falar, falar, até à exaustão, na tentativa de encontrar alguma explicação que te faça sentido. Sei que não te vai apetecer sair da cama durante uma semana. Como sei que não vais querer parar um minuto, para não teres de pensar. Gostava de não dizer que isto passa com o tempo. Por isso prefiro não dizer nada. “
Descaradamente “roubado” Daqui
Disseram-me isto centenas de vezes, por palavras mais ou menos parecidas. ”Isso vai lá com o tempo”. Diziam-me baixinho, ao ouvido, algumas vezes diziam-no sem falar. Sempre para me acalmar naqueles momentos de sufoco. Não resultava, ou pelo menos não amenizava. Porque de facto nunca acreditava , achava que aquela dor iria durar para sempre. Mas hoje, olhando para trás, sabe tão bem lembrar as pessoas que o disseram num abraço apertado, que na altura nada resolvia, mas que hoje sei, terem sido fundamentais. Ainda não sei dizer ao certo o que é que o tempo resolveu, ou o que acabou por ir ao sitio, mas a dor, essa diminuiu. O tempo ajudou. Estou certa disso.Mas precisei de vários factores aliados ao tempo. Tive que aprender a “reconstruir” o meu coração. Também é verdade que ás vezes, ainda vejo lá uma mancha. A mancha deixada por ti.Por mim. Por nós. Que eu sei que já devia ter desaparecido, mas o tempo ainda não foi capaz de a remover. Sinto-a cada vez mais pequena, mas por mais minúscula que ela seja, eu sei que ela está lá e só eu sei o quanto por vezes, ainda me incomoda. Houve alturas , em que deixei de a ver. Mas ela não tinha desaparecido. Estava encoberta. Só que as manchas continuam a ser manchas, mesmo quando as tapamos. E sabes o que é que me dizem, quando ainda falo nela ? ”Isso vai lá com o tempo”. E eu acredito. Desta vez acredito. Porque se o tempo ajuda a “reconstruir” corações, também há-de ajudar a remover a mancha que vive no meu.
Explosão adiada...
Sei bem que tenho palavras atropeladas umas pelas outras no meu cérebro. Tenho-as presas na garganta e aglomeradas nos dedos. Sinto-as amontoadas e cada vez mais apertadas. Estão em grupo e multiplicam-se todos os dias.
Por isso sei, que mais dia, menos dia, elas vão sair...letra por letra, aos pares ou em grupo.
Sinceramente, no meu íntimo, acho que tenho evitado escrever para ti, porque também sei, que quando esse dia chegar as palavras vão sair em forma de explosão. E tu também sabes, que uma explosão raramente traz coisas boas...sobretudo se o que pode ir pelos ares é algo associado a "sentimentos".
O texto que esteve para ser o ponto final, mas que eu...só consegui ficar pelas reticências...
foto: sanny
Embora confesse, que naquele dia...ver-te ali, à distancia de um olhar, tudo me pareceu tão perto...
O muito que possamos ser , ainda, um ao outro...fica esquecido no muito que nos quiseram roubar...
E conseguiram...
Foram melhores... Mais e melhores...
Falta saber até quando...
Escrever não é falar...
foto: Clicio Barroso
E se...?
Ser fácil até era....
Mas não me apetece!!!
Voltar a ver-te...
…Sempre preferi o dia das Bruxas ao dia dos Namorados.
Voltar a ver-te... foi a certeza de que ainda tenho muito a dizer-te.
O amor é fodido!!!
foto: Sara Sa
Miguel Esteves Cardoso
Eu já acreditava. O MEC já me tinha avisado, mas foi preciso viver uma história como a nossa para ter a certeza de que também eu...hei-de acreditar sempre nisto.
Dos nossos caminhos opostos...
foto: Marisa Gonçalves
E depois também me faz pensar que estás tão afastado do que sou…muito afastado. Faz-me pensar nos fantasmas interiores que deixei em ti, e tu em mim.
Juntos ultrapassamos muitas barreiras. As barreiras externas, extrínsecas, superficiais. E as barreiras internas, intimas, privadas.
Lembraste quando me prometeste que estarias comigo em tudo e para tudo? Nós tínhamos um amor feliz. Ainda te lembras?
Eu não me esqueço. E às vezes tenho saudades. Uma saudade estranha, uma saudade que sei que não significa que te quero de volta. Até porque estou certa que há muito que deixei de amar-te. Se calhar não foi assim há tanto tempo, mas as circunstancias e as pessoas que se foram infiltrando no meio deste sentimento fazem-me sentir que afinal já passou tempo demais.
As escolhas e as selecções foram nossas. Eu virei costas e ergui a cabeça sozinha. Tu precisaste de uma muleta para virar costas. No fim disto tudo é bom perceber que nunca fomos uma muleta um para o outro. Fomos amor. Fomos apaixonados de uma forma tão ardente que aposto que te lembras muitas vezes. Eu não me esqueci. Não te amo, mas não me esqueci de ti.
Um dia também me falaste que fugir do que sentias por mim era uma opção consciente. Algumas opções minhas tinham sido inconscientes. E agora vejo que foram as tuas opções conscientes e as minhas inconscientes que coordenaram o nosso caminho. Caminhos opostos é certo…mas que terão sempre um rasto significativo e marcante da nossa paixão, das barreiras que nos trocaram as voltas, do nosso amor…daquele que deixou em mim uma certeza miudinha, de que talvez não volte a encontrar quem me faça sentir daquela forma…
É de ter pena...
É de ter pena quando as pessoas se contentam com sentimentos mornos. É de ter pena de alguém que te oferece presentes a roçar uma imitação rasca dos presentes que eu te oferecia. É de ter pena de uma gaja que abana de cada vez que tu falas comigo. É de ter pena que tu, uma pessoa tão cheia de qualidades, te contentes com o pouco que te saiu na rifa pela altura da noite das bruxas.
Às vezes é mais fácil agarrarmos o que está mais à mão do que não deixarmos fugir o que realmente nos faz estremecer a alma...
A resposta...
foto: luis azevedo
"Nunca tiveste aquela sensação de amares alguém, de amares alguém muito, e as circunstâncias em que a tua vida acontece destruírem a possibilidade desse amor, apesar de ele continuar a existir dentro de ti?"
Esta pergunta é a resposta...foi isto que nos aconteceu.
Hoje consigo fragmentar...
Com o passar dos dias, dos meses, dos anos, de todo este tempo...consigo perceber quem são ou foram os seres efectivamente marcantes na minha vida. Não importa de que forma se manifestaram, não importa o tempo que estiveram comigo, como chegaram ou como foram embora. E são os mesmos dias, os mesmos meses, os mesmos anos...o mesmo tempo, que me mostram a identidade daqueles que acabei por esquecer.
“ Não é sobre a solidão. É sobre a tua ausência no lugar íngreme da minha pele. “
foto:luis azevedo
“ Às vezes perguntas-me porque já não escrevo como antes. Como é que já não escrevo como antes. Porque é que já não não escrevo sequer. Perguntas-me se já não sinto nada e o que é feito daquela solidão que tu fizeste nascer quando foste embora. E eu não te digo mas penso que não escrevi nunca sobre a solidão…
Não é sobre a solidão. É sobre a tua ausência no lugar íngreme da minha pele.
Itálico de Valter Hugo Mãe “
Descaradamente “roubado” Daqui
Isto é capaz de ser bom sinal...
foto: Daniel Pedrogam
Pode parecer parvo, mas logo a seguir dei comigo a pensar que isto é capaz de ser bom sinal.
Excluindo a hipótese da culpa ser da minha memória, uma vez que esta está bem e recomenda-se...isto só pode querer dizer que aos poucos vou esquecendo parte de ti.
É essa a tua ansiada estabilidade?
foto: Marta Ferreira - www.mfotografia.com
Quando o encontro tenho uma surpresa. O nome que aparece no visor. É o teu.
Ainda tenho tempo de respirar fundo. Atendo a sorrir.
Do outro lado sinto também um sorriso. Quase que consigo visualiza-lo. Tu tens um sorriso bonito. Mas aquele teu que é sincero, não o de circunstancia que por vezes usas com certas e determinadas pessoas.
A tua voz, ao contrário das últimas vezes que falamos apresenta-se num tom afectuoso e doce. Gosto de ouvir-te assim.
Eu também estou calma. Julgo que feliz por falar contigo. Desta vez o meu instinto não é provocar-te. Quero apenas saber os passos dessa tua nova vida da qual eu já não faço parte.
Não te confronto com as inúmeras verdades que talvez tenhas que ouvir. Não vale a pena. Limito-me a perguntar e sei que grande parte tu não queres responder. Não quero saber de situações concretas ou episódios dos capítulos recentes. Quero apenas saber se estás bem.
Poderia não querer saber, poderia conter as palavras, mas sabes que elas estão sempre do meu lado.
Como está a tua vida? “Tudo igual”. Respondes tu.
Julgo-te apaixonadíssimo. Afinal já lá vão uns sete meses que a levaste para dentro da tua vida. Estou preparada para sentir euforia e entusiasmo quando falas dela. Mas isso não acontece. E não sou eu a enganar-me a mim própria. Não preciso disso, sabes bem.
Se te pergunto como corre essa paixão e tu me respondes “Nunca pior”, fico com a sensação de que usei o termo errado.
Paixão? Essa mesma pergunta feita por outras pessoas na altura dos nossos sete meses tinha uma resposta muito distinta. “ Cada vez melhor”. Lembras-te? Claro que te lembras, mas isso agora também não interessa nada. Não é de nós que estamos a falar.
Talvez estas tuas respostas estejam ligadas ao facto de te sentires constrangido em falar comigo sobre o teu relacionamento. Mas não precisas disso. Não me trocaste por ela, não me substituíste. É outra história, outro tempo, outra vida…
E se a nossa história já se apresenta no pretérito, se o nosso tempo já passou e se as nossas vidas já não estão ligadas, não vejo o porquê do teu constrangimento e mal-estar.
Sabes meu amor? Quando me perguntam se vivo bem sem ti, a resposta é “Sim”. E não estou a fazer-me de forte, ou a contradizer o que quer que seja. Claro que não escondo que me és muito, que muitas vezes tenho saudades tuas, que outras tantas te imagino com ela e me sinto agoniada. Mas, sim. Vivo bem sem ti. Acima de tudo vivo bem com a escolha que fiz e orgulho-me de não precisar de assumir o que quer que seja com uma pessoa qualquer, em prol de uma estabilidade social. Não penses que as minhas palavras para ti se desenvolvem apenas em tom de crítica. Não tenho qualquer pretensão em criticar-te. Respeito a tua opção de vida. E se tu acreditas e constróis uma relação porque não queres estar sozinho, não tenho sequer que me revoltar. Os tempos de revolta já lá vão. Cada um escolhe o caminho e as pessoas com quem o percorrer.
Deixei-te ir…mas se te ouço responder “ Que remédio” quando te pergunto se vives bem sem mim…fico a pensar qual será o preço que pagas pela tua escolha e até que ponto será esse o melhor caminho para chegar à tua tão ansiada estabilidade.
Palavras de um báu...
foto: Daniel Pedrogam / Modelo: Luísa Santos
Recordo o momento e em que circunstãncias decidi criar este espaço. Queria continuar a escrever para ti secretamente, ou pelo menos sem que tu soubesses que o fazia.
Não é secreto para o mundo, mas é secreto para ti. Embora eu saiba que se lesses a primeira linha escrita neste sítio irias reconhece-lo automaticamente como meu…mas isso não interessa. Um dia irás ler estas palavras, nem que seja daqui a muitos anos…talvez já estejas casado e leves um filho pela mão.
Estas palavras são para ti e chegarão até ti no momento em que saltarem daqui para outro sítio qualquer, ou no instante em que decidas procura-las.
Daqui a muito tempo, quando eu e o mundo acharmos que deves ler estas palavras, talvez revejas em cada uma delas, em cada sílaba a expressão espontânea daquilo que permaneceu sem ser dito olhos nos olhos.
Talvez vejas aqui declarações do que ficou por dizer dia após dia, daquilo que se dissolveu e enfraqueceu noite após noite…daquilo que se elevou ruído após ruído e nos afastou a cada passo mal dado…
Talvez encontres estas palavras no fundo de um dos meus baús…talvez seja no maior de todos, naquele onde o meu corpo também cabe…e talvez aí possas perceber o tanto que ainda tenho para te dizer…
Lembrei-me...
foto:Autor(a) Daniel Pedrogam / Modelo: Irina Brovichka
Lembrei-me que se calhar tu já nem te lembras de quem sou, de quem fui e do que vou ser. Dos sonhos que tiveste, dos sonhos que te criei. Das minhas quimeras e visões alargadas sobre o mundo e as pessoas.
Lembrei-me das minhas emoções destiladas, do tanto que chorei. De quando me agarraste a cara com as duas mãos, ma ergueste e me disseste com os olhos cheios de água que me amavas, mas que tinhas a certeza que iríamos por caminhos contrários.
Tinha-te mostrado todos os lados da vida, apresentei-te desordens e perturbações, e isso tu sabias que não querias mais.
Pergunto-me como verás tu o amor depois de tudo o que nos aconteceu.
Perdoo-te a ti, e perdoo-me a mim...
Lembrei-me das horas em que esperei por ti e das horas infinitas que te fiz esperar por mim. Das expectativas ...minhas e tuas. Do quanto gostei de ti e tu de mim, e de que esse quanto não foi suficiente.
Lembrei-me das noites de insónias, as noites arrefecidas pela tua ausência. Dos telefonemas exaltados. Dos dias aflitos e atormentados. Das manhãs dolorosamente entorpecidas. Das verdades que insisti em gritar. Da realidade dos mundos opostos que chegou tarde demais. Lembrei-me da paz negada, dos sorrisos perdidos e dos sonhos anulados.
Hoje lembrei-me de ti.
Porque hoje percebi que chegou a hora de absolver-me dos meus pecados, de perdoar-me pelas minhas fraquezas...hoje percebi que chegou o momento de absolver-te das tuas culpas e desculpar-te também a ti pela tua falta de solidez.
Porque hoje percebi que chegou o momento de perdoar-te por conseguires seguir o teu rumo sem olhares para trás, e perdoar-me a mim por não ter feito os impossíveis.
Perdoo-te a ti, e perdoo-me a mim.
Mais uma noite
Mais uma entre tantas outras dirias tu.
Mas tu nem sabes a diversidade das minhas noites. Sei as tuas, por fotografias daqueles sites que publicam fotos dos sabores e espíritos que a noite embala. Encontrei-te numa delas. Com ela. Tu, ela e mais alguns. Ela…nem vou comentar. Se já não é bonita, de fotogénica não tem nada.
Se gostei de ver-vos? Ah….adorei.
Eras tu, mais velho, com um ar mais cansado, completamente…distante de mim.
Mas estavas a sorrir. E ao ver-te sorrir fiquei estática a olhar para ti. Como que a querer arrancar-te do ecrã do computador e deitar-te aqui onde tu gostavas de estar.
Fechei os olhos. Consciencializei o meu coração e devagarinho expliquei-lhe que aquele já não eras tu. Ou pelo menos, que aquele já não era o meu amor. Voltei a olhar á procura de felicidade nos teus olhos. Não sei se encontrei, ou se foi o meu subconsciente que não quis aprofundar a pesquisa.
Olhei para mim e pensei. “ Porque procuras tu vestígios do que te faz sofrer?”
Não sei. Sei que prefiro não te ver, nem que seja em fotografia.
A foto era daquela noite. A ultima vez que te vi. A ultima vez que te deixei aqui as minhas palavras.
Passou um mês. Nem mais, nem menos. Um mês. Não é pouco , nem muito. Foi um mês. E se tivermos em conta que desse mês advieram tantas coisas, podemos dizer que foi um mês indubitável e decisivo.
Fica a certeza de que aquele rosto da fotografia não condiz em nada com a pessoa que amei.
Sufocante...
Sentimento que nos espicaça a alma sobre quem nos descompõe.
E tu ainda me descompões. Alteras-me. Desarrumas todas a minhas ideias. Desajustas todos os meus ajustes. Desordenas todos os compassos deste coração ainda tão cheio de ti. Desregras o sangue que me corre nas veias. Fico tão bloqueada, que nem sei se ele corre ou se estanca instantaneamente.
Esta cidade é demasiado pequena para nós. Demasiado sufocante.
14 De Fevereiro. Dia dos namorados…estúpido dia…digamos que será um dia de consumismo. Em certos casos até de hipocrisia. O que está mal e não funciona passa a ser prefeito em prol de um jantar num dos restaurantes da moda…porque hoje é dia de quem está enamorado. Há que inventar o dia dos solteiros, o dia dos amantes, ou o dia de quem simplesmente gosta de foder com o coração fechado a sete chaves. Aí existiam mais pessoas a comemorar entusiasticamente.
Se tinha pensado em ti hoje? Claro que pensei. E se não dou muita importância ao dia, hoje senti-o de uma forma diferente. Afinal hoje era o “vosso” primeiro dia dos namorados. O vosso. Tu e outra pessoa. Nada de novo. Mas a merda deste dia vem, como que a espalhar axas para a labareda do excremento que se tornou o meu coração.
Posso espancar-me a mim própria, posso insultar-me usando os nomes mais feios, porque sei que isto é límpido masoquismo emocional. Também nunca disse que era boa em matéria de emoções. Talvez possas apontar-me mais um defeito. Emocionalmente descontrolada.
Lembrei-me de ti. Afigurei o presente que lhe darias. Tive saudades tuas.
Tive a certeza que ela nunca te ofereceria algo tão original e invulgar como as coisas que te ofereci. Jamais. A menos que tente copiar -me. A menos que te finjas surpreendido.
Depois esqueci-me de ti. Fui jantar com as minhas amigas, onde as conversas jamais abordariam o teu nome ou me levariam a ti.
No fim de jantar brindaram-nos com uns bombons (que coisa, tão mais dia de s.valentim), daqueles que trazem na embalagem uma frase foleira, mas que somos sempre tentadas a ler.
Identificava-se connosco.
Li. Guardei silenciosamente.
Para que falar de ti? Para que lembrar-te?
Nem sequer me lembrei que vivemos na mesma cidade, que os ambientes nocturnos não variam muito, e que hoje quase de certeza, vocês, os casalinhos ou pseudo-casais iriam para o vosso jantar com direito a saída noctívaga.
Esqueci-me de ti. Da mesma forma que tu não te lembraste de mim.
Tantas pessoas interessantes à minha volta.
Não sei de ti. Para te ser sincera nem me lembro que fazes parte do meu mundo. Talvez porque na realidade já não faças. Ou pelo menos seria assim que eu pensava.
Copos com semblante a classe. Olhares que até me furam a pele…sons que me fazem divagar.
Avisto alguém de quem gosto. As excepções que me cativaram a alma daquele teu grupinho de amigos.
Sorrio.
Abraços. Sorrisos que estou certa de serem sinceros. Olhares que querem dizer algo e não conseguem.
Tu também estavas. E não tardavas a ficar ao alcance da minha visão.
Taquicardia. Daquela que mais parecem ataques de ansiedade. Suores frios. Mãos trémulas.
Uma breve fuga á casa de banho.
Conversas comigo própria. Respirar profundamente. Lágrimas estúpidas e apressadas.
A minha postura tem que manter-se inalterável.
Viste-me ao longe. Mais precisamente á distância de um bar de dois metros.
Não deixei sequer que os nossos olhares se cruzassem.
Incomodou-te tanto. Preferias nitidamente que eu não estivesse ali. E eu preferia que corresses a dar-me um abraço a felicitar-me por mais um sonho que estou prestes a realizar.
Mas eu estava ali. tu mantiveste-te quieto. Numa serenidade inquietante. E eu numa efervescência interior que mil palavras não descreverão.
Ao teu lado estava ela. Parola como sempre. Saloia. Campónia. Não faz nada o teu género. Não faz, nem que tentes convencer-me.
Vestidos de malha, ou lã justas ao corpo, que ela deve achar perfeito, mas que…fica muito aquém de quem usa esse tipo de traje.
O cu. Ou as nádegas avantajadas e flácidas, que quando se movimentam fazem lembrar aquela personagem de banda desenhada bem conhecida.
O nariz que, diga-se de passagem é bem desproporcional á sua estranha cara. E vamos ficar por aqui. Afinal se ainda me reconheces não faltariam defeitos para descrever a tua namorada.
Também sei qual seria o teu argumento. Tu gostas das pessoas pelo que elas são. Nunca pela embalagem que ostentam.
A tua cor de pele sofreu uma pequena alteração quando me sentiste próxima. Ficaste de uma palidez transparente.
Conheço-te. Reconheço-te.
Aquela tua forma de não saber como estar, de não querer magoar, de tentar olhar sem denunciar.
Preferias que eu não estivesse ali. Quantas vezes o pensaste?
Algumas. Muitas.
Os teus olhos nos meus. Coisa de segundos. Breves segundos.
Nunca aconteceu. Não tão breve.
Estavas ali a menos de um metro de distância. Sorri. Mas fui incapaz de cumprir o ritual dos dois beijinhos e do “olá, como estás”!
Esses mimos seriam o passo que me levariam a vomitar palavras carregadas de raiva.
Carrego mais um dilema. De saber se seria mais inteligente cumprimentar-te, ou dizer-te um olá com paladar a sorriso. Escolhi o último, e tu nem sequer o questionaste.
Tal e qual como dois estranhos. Acho que chegamos ao ponto que agrada a quase todos.
Passado longínquo.
O teu perfume...
foto :Lili /modelo - PatriciAlmeida
Por vezes ainda o sinto…o teu perfume.
Chamam-lhe amor não é?
foto: Daniel Oliveira
Eu converter-me num ser amargurado e gélido? Não. Isso não é para mim. Tu sabes que não sou uma pessoa dada a tristezas e agonias. Mas senti-me lá perto.
Senti-me lá perto no instante em que nos meus olhos já não havia ponta de brilho e fulgor. Quando senti o coração completamente congelado e me senti uma esgrimista de palavras.
As pessoas perguntavam-me como é que a vida me estava a tornar tão fria.
Havia culpas para todos os gostos e paladares. Culpas inventadas e fabricadas por mim própria.
Primeiro eram as saudades. Essas eram as maiores culpadas e serviam de pretexto para todos os meus momentos nostálgicos, para todas as minhas mágoas e melancolias.
Depois arranjei um novo culpado. Acusei o amor. Passou a ser ele o arguido naquele meu sofrimento. O amor passou a ser o criminoso, quase delinquente.
A seguir passei a culpar-te a ti. Mas foi por pouco tempo, porque felizmente admiti que todos os outros réus inventados pela minha dor eram apenas uma desculpa para não sair daquele estado.
A única culpada era eu.
Não, não me culpo por gostar de ti. Não posso mudar isso, porque as pessoas não escolhem de quem gostam, ou quando deixarão de gostar.
Mas escolhem como lidar com esse sentimento.
Chamam-lhe amor não é? O sentimento que tem duas faces, dois lados tão extremistas. É por isso que eu digo que o amor é das sensações mais perigosas e arriscadas que podemos experimentar. Se por um lado é um sentimento nobre, por outro quando nos mostra o lado inverso é como se virasse tudo de pernas para o ar, como se as próprias pessoas se virassem do avesso. E depois de viradas do avesso, se as pessoas não forem firmes e resistentes a tudo isso perdem grande parte da sua essência.
Era exactamente isso que estava acontecer-me. Porque eu não sou nem nunca aspirei ser esgrimista de palavras, como se elas tivessem uma extremidade aguçada pronta a ferir alguém.
E hoje sinto-me feliz porque fui a tempo de mudar a minha atitude perante este amor, pois descobri que não posso permitir que ele destrua ou mine as coisas benignas e favoráveis que me rodeiam.
Apagar-te da minha vida? Nao, obrigada!!!
Não me deu novidade nenhuma. Se ainda sinto tanto de ti é normal que por vezes fale de ti. Muitas vezes acontece sem eu mesma dar conta, e lá começo eu a relembrar, a recapitular e reviver o que tu mais gostavas e o que menos gostavas em mim.
Falo de ti e escrevo para ti, porque sei que terei sempre algo para te dizer, porque simplesmente não consigo apagar-te da minha vida. Nem tento.
Sim, porque não penses ou consideres que o facto de “foder” com outra pessoa, possa ser mais uma tentativa de te varrer da minha vida.
Depois de ti já me deixei seduzir, já seduzi, talvez até já tenha provocado paixões impossíveis e proibidas, ou talvez eu própria tenha estado muito perto de me apaixonar. Depois de ti já aliciei e me deixei aliciar. Já cativei e fui cativada. E não penses que não gostei, ou que não gosto. Porque gosto e muito.
Não te choques com a palavra “foder”. Já sabes como eu sou. Não vou enrolar-me em hipocrisias e substituir o “foder” pelo típico “fazer amor” ou pelo banal “ir para a cama”, até porque muitas vezes tem sido no carro.
As coisas e os actos são para ser chamadas pelos nomes.
Ah, lembrei-me agora. Também podemos chamar-lhe sexo, mas como diz uma amiga minha, as mulheres nunca tem só sexo. Podem até tentar, podem até acreditar que o conseguem, mas depois com o sexo lá vêm os sentimentos. Podem ser variados, mas não vou alongar-me muito neste assunto, até porque conhecendo-te como conheço não estás minimamente interessado em ouvir os meus supostos sentimentos por outro homem. Vês como somos diferentes? Já eu, tenho curiosidade em saber que género de sentimento nutres pela mulher (ok, hoje não lhe chamo mocinha vulgar) que tu resolveste assumir como tua namorada. Tanto que já te perguntei. Tu não respondes. Dizes que te custa faze-lo, que comigo preferes não falar sobre isso. E eu respeito. Sabes que respeito. Só não consigo é apagar-te assim da minha vida, como se as pessoas fossem giz branco, impressas num quadro preto já gasto.
E tu? Tentas apagar-me da tua vida, ou quando me pediste uma certa distancia já tinhas decidido que seria o tempo a escolher se me apagavas ou não da tua existência?
É a velha história de que o tempo resolve tudo. Também me dizem isso muitas vezes. Esquecem-se é de dizer-me o tempo exacto que demora a resolver.
É essa pessoa com quem dormes e a quem decidiste dar-te, que está encarregue de te ajudar nessa batalha? Foi a ela que encomendaste essa tarefa?
E agora não resisto, lá vem a minha prepotência, e digo-te que a batalha dela talvez seja dura, e a tarefa difícil, senão impossível.
Mas ela não sabe, e lá está ela com a sua prepotência quase que a querer apagar-me da tua vida. Tanta coisa que ela não sabe. Aquelas particularidades, os pequenos detalhes, aquelas coisas que permanecem em nós, que subsistem para além de nós, porque são coisas demasiado grandes para que possam apagar-se.
Ela não sabe. E mesmo que tu lhe contes, vai continuar sem saber, porque ela não sentiu…nem nunca irá sentir aquilo que foi… e que é nosso.
Sentes a minha repugnância ?
Na verdade deves ter mais coisas em que pensar, que duvido que te passe pela cabeça que ainda te quero, ou te perguntes o que andarei a fazer desta minha vida que tu sempre achaste meia lunática. Lunática aos teus olhos ou não, o importante é que vou chegando onde quero.
E se calhar até tens razão quando usas o termo “aluada”, afinal os meus sonhos andam muito perto da lua. Se alguma vez duvidaste que iria lá chegar, muito em breve a vida vai mostrar-te o contrário. A vida, não eu, porque é certo que deixei de ter que te mostrar o que quer que fosse.
Se ainda gosto de ti? Não sei.
Se ainda tenho saudades tuas? Algumas.
Mas deixa-me dizer-te que quando te reviso mentalmente, quando o meu cérebro resolve evocar-te mais uma vez e mais outra, os sentimentos transportados no meu intimo são talvez de dúvida, de confusão.
Fico quase sempre com a sensação de que somos uma história inacabada. E essa sensação leva-me a pensamentos talvez ilusórios em relação a nós.
Será que irias rir-te muito se eu te dissesse que até acredito que essa tua história que arranjaste com a “alternativa” que te estava mais á mão, até é capaz de durar meses, ou até anos. Provavelmente aquela mocinha vulgar até conseguiu a proeza de fazer com que te apaixonasses por ela. Talvez estejas a viver aquele entusiasmo do inicio. Talvez a mocinha vulgar, com quem a genética não foi muito generosa, igual a tantas outras, até tenha qualquer coisa que se aproveite. Talvez ela não seja assim tão má na cama, como alguém um dia disse.
Talvez ela seja exactamente o que tu procuras por agora, a tal banalidade que de uma forma ou de outra te levam á tua ansiada estabilidade.
Talvez ela até nem seja má pessoa. Não sei…e não tenho o menor interesse em saber.
Será que irias rir-te muito se eu te dissesse que sim, que acredito que isso vai durar, mas que também acredito que vai acabar.
E depois vem-me á ideia de que a vida ainda tem muita coisa designada para nós.
Mas enganas-te se pensas que vou começar agora com aquele discurso melodramático, típico das telenovelas ou dos filmes sobre grandes histórias de amor…e uma das pessoas se mantém eterna e quase que estaticamente á espera que a outra pessoa volte.
No entanto existe algo dentro de mim que me diz que talvez voltes, sem que eu espere.
Não sei que tipo de relação é essa que te enche a barriga (será que enche?), não sei o que tens feito nestes últimos três meses, e as vezes que me cruzei com vocês, os pseudo-pombinhos , foram suficientes para saber que prefiro que isso não aconteça muitas vezes.
Tenho sempre receio do que isso pode provocar em mim, porque jamais irei compreender o comportamento horripilante dessa tua namoradinha, assim como nunca conseguirei entender como é que tu, sendo uma pessoa tão racional não sentiste aversão a tal comportamento…
Não interessa.
Sentes a minha repugnância ?
Porque é isso que sinto quando a vossa imagem me vem ao pensamento…repugnância.
Amo-te...
Tenho a certeza de que tudo o que tenho feito é por amor.
Tenho a certeza de que o que sinto é amor.
Tenho a certeza de que te amo.
Mesmo que nao te volte a ter tenho a certeza de que te amei.
Podemos amar em silêncio, podemos amar distantes, pode amar-se muito e muito, mas nao se ama na dúvida.
Espero aqui, em silêncio, pelo amor, por ti. "
Eduardo Martins
Acerca de mim

- Uma Coral chamada Petra
- "Linda e Fatal A coral, é de facto uma serpente bonita. Essa linda serpente tráz na boca duas presas venenosas. As suas mandíbulas são uma armadilha para cobras pequenas, mesmo as venenosas. O veneno da coral ataca o sistema nervoso central, e quase sempre mata. Esta serpente, no entanto não é sempre perigosa, pois não provoca o ataque como a maioria das cobras venenosas, mas ao sentir-se atacada a cobra-coral contra-ataca com uma rapidez e eficácia fatal. " " Petra Significa: saber cativar os outros e manter um convívio harmonioso e agradável. É muito hábil e altruísta. Afectivamente, dedica-se com paixão. É sensual e atraente. É exuberante nas suas manifestações mas não perdoa retorno morno ou indeciso. "
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